Na cozinha romani, ou na cozinha cigana, tudo tem um significado ou um simbolismo. Cozinhar para o povo cigano não é algo banal como para outros tantos povos.
O fogo, por exemplo, usado e crucial para cozinhar não é apenas fogo. É o calor da vida que transforma os alimentos.
A terra é a vida que nos dá todos os alimentos e temperos. A água não somente limpa como também transforma os alimentos, e o ar é o perfume que desprende dos alimentos.
Por aí, vemos que os quatro elementos são bem reconhecidos pelo povo cigano na cozinha, mas não só dessa magia vive a cozinha romani.
A fé também está na culinária cigana, onde se cozinha rezando e abençoando, pedindo à Santa Sara Kali o sustento para o corpo e para a alma, junto com Aquele que tudo provê.
A cozinha para o povo cigano também é lugar de dar graças, principalmente pelo pão da vida. E cada alimento possui seu benefício…
Alimentos que nos protegem e guardam nossa saúde: açafrão, alho, alecrim, batata, cebola, louro, menta, erva cidreira, salsa e erva doce.
Alimentos que nos trazem fertilidade: arroz, cenoura, gergelim, canela, laranja, alcaparras, trigo, coentro, cravo da índia, manjerona e uva.
Alimentos que nos trazem prosperidade: amêndoa, arroz, camomila, canela, erva cidreira, ervilha, sálvia, gergelim, laranja, feijão, lentilha, noz moscada, romã, trigo, salsa, uva e fruta de conde.
Alimentos para manter a felicidade e o amor: alcaparras, beterraba, cereja, canela, chuchu, erva cidreira, ervilha, maçã, manjerona, maracujá, morango, pêra e morango.
A noz moscada nos dá sorte; a sálvia, sabedoria; a uva mantêm a amizade e a erva cidreira, o amor. O sal nos diz todos os dias o quão amargo foi o passado e nos dá o equilíbrio dos dias atuais.
Alimentos que nos trazem a paz e a harmonia: mel, orégano, manjerona, cominho, canela, erva doce, cravo da índia, alecrim, mostarda e aveia.
A farinha do pão (trigo) e o azeite são muito antigos – eles derivam da transformação do sofrimento em alimento e da consagração e purificação do azeite, como puro, que aquece, alimenta e unge um povo, antes e depois da morte ou rito de passagem.
Alimentos que equilibram o corpo: cebolinha, aveia, limão, uva, vinagre, mel, milho, tomate e café.
É por todos esses benefícios que a cada lugar que uma caravana cigana chegava ou chega há o respeito a cada região, o que cada tempo, solo e ares podiam e podem reproduzir, a comida do dia vinda de uma natureza sempre generosa.
Para o povo cigano não há o correto ou errado na alimentação, há o simples, o respeito pela natureza, ter o que preparar para levar a boca, o que só quem passou pela fome sabe o que significa essas palavras.
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