Santa Sara, também conhecida como Sara la Kali (“Sara, a Negra”, ou, para os Romani, Sara e Kali), é a padroeira do povo Romani.
Apesar de, no Brasil, ela ser considerada uma santa da Igreja Católica, no exterior ela não é uma santa na Igreja Católica e se enquadra na categoria de cristianismo popular.
Santa Sara fez sua primeira aparição no livro de Vincent Philippon, intitulado A Lenda de Saintes-Maries (1521), onde ela é retratada como “uma mulher caridosa que ajudava as pessoas coletando esmolas, o que levou à crença popular de que ela era uma cigana“.
Posteriormente, Sara foi adotada por Romani como sua santa. Os dias de festa em maio, que homenageiam Santa Sara Kali, reúnem um grande número de católicos ciganos e outros em várias partes do mundo, mas principalmente em Saintes-Maries-de-la-Mer, uma antiga cidade nos pântanos de Camargue, na França, conhecida pelas celebrações às Santas Marias – Santa Marie Jacobé e Santa Marie Salomé – e à Santa Sara.
A capelania católica dos Ciganos e a Gens du Voyage organizam os eventos diários, em colaboração com as autoridades locais e a paróquia.
Santa Sara Kali é uma misteriosa santa amada pelos ciganos. No entanto, não há relíquias de Santa Sara e ela não é mencionada nos Evangelhos.
Apesar disso, sua efígie pode ser encontrada em igrejas locais. Em todas as histórias sobre Santa Sara, talvez, a coisa mais importante é que ela amou e serviu as Santas Marias, e se ela as amou, ela também amou Jesus.
As relíquias das Marias são mantidas na capela-mor, acima do altar, na Igreja Católica local de Saintes-Maries-de-la-Mer.
Foi Marquês de Baroncelli que, em 1935, convenceu a Igreja Católica a permitir que os ciganos levassem Santa Sara não canonizada em uma procissão até o mar.
Há a informação de que existem duas Santas Saras, uma que foi canonizada pela Igreja Católica e a outra seria Santa Sara Kali, a padroeira dos ciganos, que nunca foi santificada pelo corpo católico.
Santa Sara está envolta de crenças que se misturam. Na literatura, mais precisamente em Autor da Última Vida de M. Olier, encontra-se a seguinte frase: ‘Num peito de bronze foram posteriormente encontrados… vários vestígios humanos que se acredita serem de Sara, uma seguidora das Santas Marias.’
Em 1521, novamente, Vincente Phillipon, em seu piedoso romance A Lenda das Santas Marias Jacobé e Salomé, registra a presença de Sara, apontando seu papel: ‘a fim de ajudar suas senhoras, ela saiu por toda Camargue salvando almas‘, apesar de minimizá-la, apontando-a apenas como uma serva.
Os ciganos fazem grandes peregrinações em 24/25 de maio à Saintes-Maries-de-la-mer (França), em honra a Santa Sara.
No Brasil, além de Santa Sara, os ciganos são devotos de Nossa Senhora Aparecida, São Jorge e outros santos, isto se forem católicos.
Porque algumas histórias retratam Santa Sara como a filha de Jesus Cristo e Maria Madalena, alguns acreditam que os ciganos podem ser os verdadeiros guardiões da linhagem sagrada através da veneração à Santa Sara: a santa das santas.
Se Santa Sara veio no barco com as três Marias, se estava na praia esperando por elas e as salvou, se era serva de Madalena, ou, segundo outros, era sua filha e de Jesus, talvez não importe tanto.
O fato é que ciganos de toda a Europa (e do Brasil) vão anualmente à Camargue, França, à igreja das santas mencionadas, para celebrar a festa de sua rainha.
A cripta e a santa, no dia da festa, são clarificadas por milhares de velas, acendidas pelos nômades, e postas ou carregadas por eles.
E esta festa, como toda festa de origem católica, é religiosa e profana. Os ciganos tornaram-se costumeiros na peregrinação católica.
No Brasil, temos ciganos católicos e, no mundo, encontramos ciganos na religião católica ortodoxa. Ou seja, mesmo que Santa Sara não tenha sido canonizada pela Igreja Católica, ela não deixa de ser uma santa católica, que tem os seus festejos e foi uma seguidora de Jesus.
Aliás, não é porque ela não foi canonizada pela Igreja Católica que a mesma reprova seu culto e veneração. O que os católicos devem fazer é cultuá-la sem conotações mágicas ou feitiçarias e dentro dos preceitos da fé cristã católica, que são fazer sua memória, pedir sua intercessão quando necessário ou desejado, invocar seu nome em orações e homenageá-la em procissões, através de símbolos, imagens, velas, flores, mantos, etc.
A recusa de Santa Sara dentro da Igreja Católica nada mais é do que preconceito. O povo cigano à cultua como uma santa, um exemplo como seguidora de Jesus, mas não precisa ser cigano para cultuá-la.
Qualquer católico pode orar para Santa Sara Kali e ter sua imagem em casa e não somente os ciganos. Não tem problema algum em invocá-la, até porque, assim como ela, muitos outros santos e santas têm sua história misturada com muitas lendas e todos eles(as), para nós, são modelos no seguimento de Jesus e intercessores.
O catolicismo é marcado pela presença de diversos santos e santas que ajudam a fortalecer a fé das pessoas e espalhar a palavra de Deus e Santa Sara Kali é uma dessas santas.
Dentro do catolicismo, Santa Sara é considerada a padroeira das grávidas e dos desesperados, ajudando em questões de prosperidade e oferecendo maior proteção a todos os necessitados, sendo muito importante para essa doutrina religiosa.
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